“Se, portanto a perfeição houvera sido mediante o Sacerdócio
Levítico (pois nele baseado o povo recebeu a lei), que necessidade haveria
ainda de que se levantasse outro Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque, e
que não fosse contado segundo a ordem de Arão? ... Por que aquele de quem são
ditas esta coisas pertence à outra tribo da qual ninguém prestou serviço no
altar, pois é evidente que nosso Senhor procedeu de Judá, tribo da qual Moisés
nunca atribuiu sacerdotes” (Hb 7.11,13-14).
As Escrituras Sagradas apresentam
Jesus Cristo de várias maneiras: No evangelho de João cap. 10 verso 11 Ele é o
Bom Pastor, em 1ª Pe 5.4 Ele é o pastor Supremo, Apocalipse 15. 3 é o Rei das
nações em; Em Atos 3. 22-23 e Lucas 13. 33 Ele é chamado de profeta, Mediador
em Hebreus 8.9 e Salvador em Efésios 5. 23. - Cada uma destas descrições
salienta alguma das funções que Cristo desempenha no plano da nossa salvação.
Mas talvez a mais completa descrição de Jesus Cristo com relação a Sua obra
redentora seja a de ”Sumo Sacerdote”. O Antigo
Testamento nos ajuda a compreender a obra de um sumo sacerdote. O sumo
sacerdote levítico no antigo Testamento agia como representante dos homens,
entrando na presença do Senhor para oferecer sangue em beneficio dos
pecadores. Em nenhum outro lugar esta
função ilustra mais vividamente do que nos eventos do Dia da Expiação. - Neste
dia, o décimo do sétimo mês de cada ano, o sumo sacerdote entrava no Santo dos
Santos do tabernáculo para oferecer expiação pelo seu próprio pecado e pelos
pecados do povo.
No capítulo 16 de Levítico está
descrito o que era feito neste dia. O sumo sacerdote depois de lavar seu corpo
e vestir as vestes santas, punha um incensário cheio de incenso dentro do Santo
dos Santos para formar uma nuvem sobre o propiciatório; o Santo dos Santos era
a menor das duas salas dentro do tabernáculo, a Arca da Aliança ficava
depositada nesta sala e era ali que Deus se encontrava com o homem. A cobertura
da Arca da Aliança era chamada de Propiciatório. Dois bodes eram escolhidos
como oferenda pelo pecado e era lançada sorte sobre eles. Um bode teria que ser
morto e oferecido ao Senhor em benefício do povo; o outro seria um bode
emissário. Também era selecionado um novilho para ser oferecido pelo sumo
sacerdote e sua família. O sumo sacerdote matava o novilho fora do santuário
propriamente dito e levava um pouco do sangue do novilho para dentro do Santo
dos Santos, onde o aspergia sobre o propiciatório. Em frete do propiciatório
ele espargia o sangue com o dedo, sete vezes, para fazer expiação por seus
próprios pecados e os de sua família. A nuvem de incenso na sala protegia o
sumo sacerdote de ver ao Senhor e morrer como consequência disto. Ele então
matava o bode selecionado por sorte para ser a oferenda e levava um pouco de
sangue para dentro do Santo dos Santos, mas uma vez espalhando o sangue em cima
e em frente do propiciatório para fazer expiação pelos pecados do povo; depois,
o bode vivo era levado para o deserto e solto, levando consigo os pecados do
povo. Os corpos do novilho, do bode e de um carneiro eram oferecidos como
holocausto e eram totalmente queimados.
O escritor da carta aos Hebreus também
diz que Jesus Cristo é um sumo sacerdote (2.17; 3.1; 4.14). O profeta Zacarias predisse que Jesus Cristo
seria um sumo sacerdote em Seu trono, isto é, Cristo seria tanto rei como
sacerdote ao mesmo tempo (Zc 6.12-13). Jesus Cristo nasceu judeu descendente de
Davi, sendo assim da linhagem da tribo de Judá. - Contudo Deus escolheu os
descendentes de Levi para serem sacerdotes. Sendo assim Jesus Cristo, vivendo
sob a lei de Moisés, poderia ser rei porque era descendente da tribo real
(Judá) e ainda mais de Davi (2º Sm 7.1-16; At 2.29-31), mas, Jesus Cristo não poderia
ser sacerdote segundo a lei de Moisés porque não era da tribo certa (Levi).
O escritor da carta aos Hebreus, afirma
que Jesus Cristo era sumo sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque (5.6,10;
6.20), e explica: “Se, portanto a
perfeição houvera sido mediante o Sacerdócio Levítico (pois nele baseado o povo
recebeu a lei), que necessidade haveria ainda de que se levantasse outro
Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque, e que não fosse contado segundo a
ordem de Arão?... Por que aquele de quem são ditas esta coisas pertence à outra
tribo da qual ninguém prestou serviço no altar, pois é evidente que nosso
Senhor procedeu de Judá, tribo da qual Moisés nunca atribuiu sacerdotes”
(Hb 7.11,13-14).
Por que segundo a ordem de Melquisedeque?
Quem foi Melquisedeque? - O escritor da carta aos Hebreus nota que ele foi,
tanto sacerdote como rei de Salém (outro nome de Jerusalém (Gn 14.18-20; Hb 7.
1), e também observa que as escrituras do Antigo Testamento dão a Melquisedeque
a aparência de um ser eterno, não sendo registrado seu nascimento, linhagem ou
morte (7.1-13). Sendo assim existem algumas semelhanças entre Melquisedeque e
Jesus Cristo. Melquisedeque parece continuar para sempre como Sacerdote (Hb
7.23-25). Melquisedeque era tanto rei como sacerdote ao mesmo tempo (o que era
impossível sob a lei de Moisés). Jesus Cristo é tanto Rei como Sacerdote
cumprindo-se a profecia de Zacarias (Zc 6.12-13). Também é observado pelo autor
desta carta a consequência inevitável do sacerdócio de Jesus Cristo. Se o
sacerdote for mudado da ordem de Arão para a de Melquisedeque, necessariamente
a lei associada com o sacerdócio levítico tem que ser mudada: “Pois quando se muda o sacerdócio, necessariamente
se faz mudança da lei” (Hb 7.12). A lei de Moisés, associada com o sacerdócio
levítico, foi anulada quando o sacerdócio foi mudado (7.18-19). A obra sacerdotal de Jesus Cristo é explicada
pelo escritor de Hebreus nos termos dos atos de um sumo sacerdote levita no Dia
da Expiação. - Exatamente como o sumo sacerdote levita entrava no Santo dos
Santos do Tabernáculo, isto é, na presença de Deus com sangue para fazer a
expiação dos pecados, Jesus Cristo também entrou no Santo dos Santos com sangue
(9.11-12). Porem, Jesus Cristo não ofereceu seu próprio sangue num Tabernáculo
físico, feito por mãos de homens; Ele ofereceu seu sangue no céu, na presença
de Deus. - No Dia da Expiação, o derramamento de sangue realmente acontecia
fora do Santo dos Santos. Os animais eram mortos e o sangue deles era recolhido
no pátio do Tabernáculo, em sequência o sumo sacerdote oferecia o sangue dos
animais a Deus quando espargia em frente do propiciatório; de modo semelhante o
sangue de Jesus Cristo foi derramado na cruz, fora do Santo dos Santos
Celestial! Ele foi sepultado e no terceiro dia ressurgiu. Depois de quarenta
dias ele ascendeu aos céus e em sentido figurado apresentou seu sangue diante
de Deus. É fácil observar a importância da ressurreição a esse respeito; ainda
que o sangue seja derramado em sua morte. Jesus realmente ofereceu Seu sangue
ao Pai quando ascendeu ao céu depois de sua ressurreição (Jo 20.17; At 1.
9-10).
De conformidade com o escritor da
carta aos Hebreus, Jesus Cristo é apresentado como um sumo sacerdote superior
aos sumo sacerdotes levitas, os sumo sacerdotes do Antigo Testamento,
oferecendo sangue pelos pecados do povo, eram eles mesmos pecadores, (5.1-3;
7.26-27). Antes que o sumo sacerdote pudesse fazer expiação pelo pecado povo no
Dia da Expiação, ele tinha que oferecer um novilho pelos seus próprios pecados.
Jesus Cristo, contudo, ainda que tentado, era sem pecados (Hb 2.18; 4.15;
7.26). Ainda mais, que Jesus não ficou impedido pela morte em seu serviço como
sumo sacerdote.
Os sacerdotes do Antigo Testamento,
sendo homens morriam, e o serviço de sumo sacerdote era passado ao próximo
homem apontado pelo mandamento da lei de Moisés; Jesus Cristo vive para sempre,
sendo assim é capaz de continuar seu serviço sacerdotal o tempo que for
necessário (Hb 7.23-25). Até mesmo o local onde presta seu serviço sacerdotal é
superior, sendo um Tabernáculo celestial, e não um tabernáculo físico. Jesus
Cristo pode entrar na presença de Deus sem a necessidade de uma nuvem de
incenso para protegê-lo, pois Ele não tem pecado. Obviamente o serviço sacerdotal
de Jesus Cristo é superior em outro ponto muito importante, Jesus Cristo não
ofereceu diante de Deus o sangue de um animal, não ofereceu um sacrifício
inadequado para o perdão (Hb 10.4). Ele ofereceu o Seu próprio sangue, assim
tornando-se tanto o sacerdote como o sacrifício (Hb 9.11-12, 28)! Pelo fato de
seu sacrifício ter sido adequado para o perdão dos pecados, precisou ser feito
apenas uma vez em contraste com os sacrifícios dos sacerdotes do Antigo
Testamento, que eram oferecidos ano após ano (Hb 9, 12, 24-28; 10.10-14). No
tabernáculo e no Templo do Antigo Testamento, somente o sumo sacerdote podia
entrar no Santo dos Santos, uma vez por ano, sempre com sangue como oferenda
pelos pecados. Contudo, Agora o caminho para o Santo dos Santos celestial está
aberto por causa da obra sacrificial de Jesus Cristo. Deus mostrou o significado
da morte de Jesus rasgando o véu que separava o Santo dos Santos do Santo Lugar
quando Jesus morreu (Mt 27.51).
O privilégio de entrar e habitar na
presença de Deus no céu está disponível a todos através do sangue de Jesus
Cristo (Hb 10.19-22). Assim como Jesus em sua pureza entrou na presença de
Deus, também nós podemos entrar na presença de Deus, purificados pelo sangue de
Jesus Cristo!