Deus nos livra do perigo

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

A chamada de Abraão

          Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma benção (Gn 12.1-2)

•    A chamada de Abrão foi para deixar sua cidade natal, sua família e sua pátria.
•    Sua chamada se deu para: Ser uma benção, abençoar, conquistar, ser uma grande nação e ser prospero.

          Sua chamada espiritual constitui-se em quatro grandes renuncias.
1.    Separação de seus irmãos e amigos, sua casa e seus sonhos (Gn 12)
2.    Separação entre Abrão e Ló seu sobrinho (Gn 13.8-9)
3.    Separação d seu filho Ismael (Gn 21.14)
4.    O sacrifício de Isaque (Gn 22)

         Provavelmente a imagem mais comum que as pessoas têm de Abrão, é a de um místico andarilho, o fundador de uma nova religião. Nada poderia ser mais distante da verdade, ele foi o patriarca por meio de quem Deus se revelou pela primeira vez ao povo judeu. No entanto, Abrão, não foi de forma alguma um asceta (pessoa que vive em prática de devoção e penitencia) perambulando pelas montanhas de Canaã e assim equivalente na antiguidade a um xeique beduíno muito rico que governava centenas de súditos e servos.
          Seu nome era Abrão que significa pai exaltado, mas passou a ser chamado Abraão que significa pai de multidões quando fez sua confissão derradeira com Deus. Abraão nasceu entre o século 12 e o 16 a.C. na cidade de Ur na Caldeia, uma região ao sul da Babilônia (atualmente Iraque), na confluência do rio Tigre com o Eufrates. Abraão cresceu em Ur e ali se casou com Sarai. Terá, seu pai era da nona geração dos descendentes de Sem Bíblia pouco fala sobre Terá, mas, uma tradição rabínica não Bíblica, afirma que ele fabricava e vendia ídolos pagãos.
          De acordo com essa tradição, Abraão a quem o Senhor revela ser o único e verdadeiro Deus, pegou um machado e destruiu todos os ídolos menos o maior deles; a seguir colocou o machado na mão do único ídolo que restava. Logo após esse fato disse a Terá seu pai, que o ídolo maior destruíra todos os outros ídolos; seu pai lhe disse que isso era impossível, pois o ídolo não era um ser vivo, mas apenas uma imagem feita de argila. Abraão a seguir perguntou-lhe: então porque você adora aquilo que não é vivo e não passa de argila?

          Terá teve três filhos: Abraão, Naor e Harã. Este último morreu enquanto ainda moravam em Ur; ele era o pai de Ló. Terá pegou sua família e se mudou de Ur, fazendo sua jornada na direção oeste até chegar a cidade de Harã na Ásia menor (atualmente Turquia). Ele se estabeleceu nesta região e viveram ali por muitos anos, e terá morreu neste local. A Bíblia não fornece a razão porque deixaram Ur e não há indicação de que Deus falou com qualquer um deles antes da morte de Harã.
          Quando Abraão tinha 75 anos, Deus ordenou-lhe que saísse da sua terra, deixando o seu povo e a casa de seu pai para traz, e que fosse para uma terra que Ele lhe mostraria (Gn 31 a seguir). Abraão pegou sua esposa Sarai, seu sobrinho Ló com sua esposa e todas as suas posses e seus servos comprados em Harã (Gn 12.5) e partiu rumo a um destino desconhecido. O fato de que Abraão tinha servos indica que ele acumulara pelo menos uma quantidade de riquezas materiais.
          Essa jornada representa um grande aro de fé por duas razões: Em primeiro lugar ele abandonou o conforto e a segurança de uma hora para outra e partiu rumo a uma terra desconhecida e partiu rumo a uma terra desconhecida; isto se constitui em uma perigosa empreitada e sem dúvida assustadora, especialmente naqueles dias. Em segundo lugar, havia a promessa de que Abraão seria o pai de uma grande nação, embora Sarai fosse estéril (Gn 11.30). Abraão viajou até chegar a Siquem em Canaã. Siquem era um santuário pagão dos cananeus, e foi ali que Deus lhe disse que daria aquela terra a ele e a seus descendentes.  Mas Abraão só poderia aceitar que aquela terra como sendo a terra que Deus lhe daria se fosse por um ato de fé. Contudo ele tinha essa fé e erigiu um altar a Deus em Siquem.
          Em seguida ele mudou mais para o sul, chegando por fim ao Egito. Não fica claro que Abraão foi realmente até a região que hoje chamamos de Egito, ou simplesmente migrou para a região sul da Palestina que na época fazia parte do império egípcio. Em algum ponto porém, ele estabeleceu certa relação comercial com o faraó, indicando que, provavelmente entrou no delta do Nilo e viajou até perto de Menfis, capital do Egito.
          A grande fé de Abraão era muitas vezes demonstrada por sua aceitação da vontade e da promessa divina pela frequente construção de altares para oferecer sacrifícios a Deus. Sua peregrinação no pelo Egito porém, é um indicio de que sua fé fraquejou, assim também como sua moral. Os cananeus estavam firmemente estabelecidos na terra e, o que parece, Abraão não teve fé suficiente para acreditar que Deus tomaria (ou poderia tomar) a terra para entrega-la a ele. Tendo provado ser fiel ao deixar Harã e vir para Canaã, ele demostrou uma surpreendente falta de fé ao abandonar Canaã e ir para o Egito. Abraão enquanto esteve no Egito temeu que alguém tentasse mata-lo para tomar sua esposa Sarai, por ela ser belíssima. Ele pediu a ela que mentisse dizendo que era sua irmã e não sua esposa. O faraó ouviu comentários sobre sua beleza e mandou que a levasse e ao palácio (Gn 21.12). Ele a tratou bem, e Abraão ficou ainda mais rico quando estava no Egito. No entanto Deus puniu o faraó com graves doenças, porque ele havia tomado-a para si (vs 17). Quando faraó descobriu que Abraão mentira a ele que Sarai era sua irmã e não esposa ficou furioso; ele enviou Sarai de volta a Abraão e expulsou toda sua tribo do Egito.
          Após deixar o Egito ele retornou para Neuébe, uma região desértica no sul da Palestina e de lá rumou para Betel. Os rebanhos de Abraão e de Ló cresceram tanto que já não havia pasto suficiente para todos os animais. Houve uma desavença entre os pastores dos rebanhos de Abraão e os de Ló e os dois decidiram separar-se (Gn 13.37). Abraão disse a Ló para escolher com qual região ele gostaria de ficar, Abraão ficaria com a que sobrasse. Ló escolheu a bacia fértil do Jordão, estabelecendo-se próximo a cidade de Sodoma na costa do mar morto. A Bíblia indica que naquela época as campinas escolhidas por Ló eram exuberantes e férteis, e não o deserto árido que é hoje em dia. Aquele foi um indicio não só da generosidade de Abraão e do egoísmo de Ló, mas também do retorno da fé de Abraão. Ele confiou na promessa de que a terra pertenceria aos seus descendentes; assim ele podia aceitar que por hora Ló tivesse o que desejasse. Ele estava disposto a aceitar qualquer coisa que Deus tivesse para ele, e sua fé seria testada e confirmada por tuitas vezes no futuro.
          Por causa da fé que Abraão demonstrou, Deus ampliou a aliança. Antes Deus prometera que a semente de Abraão possuiria a terra e seria uma grande nação. Agora Deus prometera que Abraão percorreria toda a terra e que a sua descendência seria tão numerosa como om pó da terra (Gn 13.16). Abraão mudou sua tenda para Hebron e se estabeleceu ali, usando Hebron mais ou menos como uma base para ali permanecer, embora ele fosse basicamente um nômade.
          Houve uma guerra em que reis de várias cidades-estados formaram uma coalizão e atacaram as cidades ao longo da costa do mar morto, incluindo Sodoma e Gomorra. As cidades caíram, Ló e sua família estava entre os que foram capturados como escravos, Abraão não se envolveu nessa guerra, mas quando ouviu que Ló fora capturado, reuniu, em meio ao seu povo, um exército de 318 soldados para resgata-lo. Abraão os perseguiu até Dã, onde dividiu suas tropas e atacou quando o inimigo não esperava qualquer oposição. Ele os flanqueou e os afugentou, libertando todos os prisioneiros e recuperando todos os espólios retirados das cidades. Ele devolveu tudo ao rei de Sodoma, recusando qualquer recompensa exceto o que o povo comera em quanto trazia tudo de volta (Gn14.22). Logo depois Deus reafirmou a promessa da terra e de que Abraão teria um filho. Sarai era estéril por isso acabou lançando mão de uma lei que diz que se a mulher de um homem fosse estéril ele poderia ter filhos com uma concubina. A criança seria considerada legitima de sua esposa. Abraão consentiu e aos 86 anos tornou-se pai do filho que teve com a escrava egípcia. Hagar assim que engravidou começou a agir com insolência em relação a Sarai e trata-la com desprezo. A criança nasceu e Abraão lhe deu o nome de Ismael. A forma insolente com que Hagar tratava Sarai tornou-se algo tão evidente que Sarai reclamou com Abraão. Ele disse para Sarai que ela poderia tratar do assunto da forma que achasse necessário. Sarai maltratou tanto a Hagar que a escrava egípcia pegou Ismael e fugiu para o deserto (provavelmente a agrediu fisicamente). Um anjo encontrou-se com Hagar no deserto e orientou-a a voltar e se submeter a sua senhora, prometendo-lhe que os descendentes de Ismael se tornaria uma grande nação.
          Este episódio demonstrou outro lapso na fé de Abraão, a promessa foi que Sarai lhe daria um filho. Abraão no entanto demonstrou impaciência e duvidou do poder de Deus para cumprir a promessa, especialmente porque Sarai estava envelhecida. Ismael foi considerado filho de Sarai pela lei, assim não haveria nenhum problema legal sobre a herança. Deus, entretanto prometera que os descendentes do filho de Abraão com Sarai seriam os herdeiros da terra.
          Quando Abraão tinha 99 anos, Deus apareceu a ele na forma de um anjo e reafirmou a promessa que Sarai lhe daria um filho. Sarai estava na sua tenda e, ao ouvir a conversa deles, deu uma risada. Por esta razão Deus disse que o nome de seu filho deveria ser Isaque, que significa ele rirá. A seguir o Senhor mudou o nome de Abrão para Abraão que significa pai de muitas nações. O nome de Sarai sua mulher passou a ser Sara que significa princesa, em vez de Sarai, briguenta. Em muitas culturas por milênios, era comum mudar o nome de alguém em períodos de grandes mudanças na vida da pessoa. Abraão acreditou na promessa, aceitando a admoestação de que não havia nada que Deus não pudesse fazer. O Senhor ordenara que no acampamento de Abraão todas as pessoas do sexo masculino fossem circuncidadas como um sinal e lembrete perpetuo da aliança deles com Deus.
          Por causa da fé que Abraão demonstrou, Deus confiou a ele seu desejo de destruir Sodoma e Gomorra. Abraão argumentou que não seria justo destruir a cidade se houvesse 50 homens justos ali, e Deus concordou com ele. Abraão continuou a barganhar com Deus que por fim concordou em poupar a cidade se ali houvessem dez justos apenas (Gn 18.22). Ali não havia nenhum justo além de Ló e sua família, e assim as cidades de Sodoma e Gomorra foram destruídas. Algum tempo depois da destruição de Sodoma e Gomorra, Sara deu à luz a Isaque. Esse fato aparentemente representou uma grande ameaça a Hagar que naquele momento acreditava que Ismael fosse o herdeiro de Abraão. A medida que Isaque crescia aumentava a tenção entre Hagar e Sara. E ao que parece Ismael maltratava, ou desprezava Isaque (Gn 21.9-10). Sara, mais uma vez insistiu que Hagar e Ismael fossem expulsos dali. A princípio Abraão recusou-se a fazer isso, mas Deus lhe disse para agir de acordo com o que Sara queria. Sendo assim Abraão entregou água e alimento a Hagar e Ismael e os enviou para o deserto. Deus protegeu e cumpriu a promessa de Ismael como Isaque, seria uma grande nação (os árabes) 
          O maior teste de fé que Abraão enfrentou ocorreu no fim da sua vida. Deus o ordenou que oferecesse Isaque em sacrifício. Esse foi um teste de fé, não só para Abraão, mas também para Isaque. Não se sabe ao certo a idade de Isaque, mas é possível inquirir que o menino tinha nascido quando Abraão tinha cem anos de idade era um garoto forte e saudável com a idade oscilando entre 14 e 16 anos. Nenhum homem com a idade de Abraão seria capaz de segurar um adolescente rebelde. Sendo assim parece que Isaque também estava disposto a aceitar a vontade de Deus. Quando Abraão estava prestes a cravar sua faca no pescoço de Isaque, Deus o interrompeu dizendo: Agora sei que temes a Deus porque não me negou seu filho, o seu único filho (Gn22.12). Deus não precisava fazer isso para saber que Abraão lhe obedeceria; Deus já sabia disso. No entanto Abraão precisava saber que ele mesmo estaria disposto a fazer.
          Sara morreu em Hebron aos 127 anos, enquanto Abraão estava em Berseba. Ele voltou a Hebron uma cidade cananeia. Abraão tinha um bom relacionamento com os cananeus, que lhe ofereceram um campo e uma caverna onde pudesse sepulta-la. Ele recusou a oferta, pois não queria aceitar presentes dos pagãos, sendo assim comprou o campo (tornando uma propriedade legal para seus herdeiros).
          Algum tempo depois ele casou-se com Quetura, e pouco se sabe a respeito dessa mulher. Ela lhe deu seis filhos e um deles era Midiã, ancestral dos midianitas. Por fim, os midianitas se tornaram inimigos dos israelitas, embora tenha sido por intermédio deles que Moises aprendeu sobre a fé que fora revelada a Abraão (Jetro sogro de Moises era sacerdote de Midiã).
          Enquanto se preparava para morrer, Abraão arranjou um casamento para Isaque. Ele enviou seu servo para escolher uma mulher junto a sua parentela, os descendentes de seu irmão Naor (Gn 24). Isso manteria a integridade familiar, evitando a possibilidade de Isaque se casar com uma mulher cananeia. Esse arranjo para escolhe uma mulher para Isaque contribuiu para que ele permanecesse na terra prometida e não fosse exposto a influencias para encontrar sua noiva. Assim até mesmo em sua morte Abraão tomou medidas para proteger os dois maiores aspectos da sua aliança: A sua terra e a sua descendência.

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